quinta-feira, 5 de junho de 2008

CUNHAMBEBE / Lenda ? Maldição ? Verdade ?

(Ubatuba foto by Dalmo)

Lenda ou Maldição ?


Quem nunca pisou em Ubatuba ou esteve aqui por alguns dias e não ouviu mediante qualquer coisa errada na cidade ou acontecimento ruim alguém citar a seguinte frase :----- Ahhhh isso é a maldição de Cunhambebe !A falada maldição de Cunhambebe é fato conhecido por toda cidade.Mas, para entender e preciso conhecer a história ida nos ano de 1500 e nada melhor ler parte da narrativa de Renato Nunes um arquiteto e pesquisador da vida indígena em Ubatuba que em 21/11/2001 publicou a história resumida de fácil entendimento da maldição de Cunhambebe no jornal "O Guarujá."Ele conta..."Logo após a descoberta do Brasil em 1500, os portugueses tiveram que dominar e garantir a posse das terras contra vários reinos europeus que naquele tempo se expandiam descobrindo novas terras ou simplesmente tomando a terra dos outros à força, fazendo depois acordos com a coroa para acomodar a convivência entre eles na Europa. Nessa época, na posse, no domínio e nos acordos valia a lei do mais forte. Os holandeses e os franceses eram os mais terríveis interessados em tomar dos portugueses as terras descobertas. Os espanhóis que também foram grandes conquistadores lutavam para manter o outro lado do vasto continente. Para dominar a zona costeira e explorar o interior das terras descobertas, os portugueses usavam os índios como escravos no trabalho e nas lutas, capturados à força e muita brutalidade. E é aí que entra a história de Cunhambebe. Os índios eram pacíficos, não conheciam nada dos brancos, só conheciam a natureza que lhes dava tudo de comer e de curar alguma doença do mato, ferimentos ou comida mal digerida. Seus deuses eram as forças da natureza. Não tinham armas de fogo nem facas e facões porque não conheciam o metal, nem prisões. Os portugueses, para usar seu trabalho escravo, impunham grande pavor, matando, esfaqueando e prendendo com correntes de ferro os desobedientes.
Cansados de tanto sofrimento os índios começaram a se revoltar atacando os invasores em suas aldeias, porém, poupando as mulheres e crianças que para eles são criaturas sagradas. Diferente dos portugueses que quando atacavam arrasavam tudo matando quem estivesse pela frente. Caciques de diversas tribos, liderados por Cunhambebe, (Koniam-bebê) homem de dois metros de altura cujo nome vem de sua gagueira e fala arrastada, resolveram pôr um fim a tantas injustiças e combinaram um grande ataque para expulsar de vez aqueles homens brancos muito maus. Comandados por Cunhambebe e pelos caciques Aymberê, Caoquira e Pindobossú os índios eram muito numerosos. Os registros do Padre José de Anchieta indicam a chegada de mais de duzentas canoas com mais de vinte índios cada uma, além dos milhares que vinham por terra, provenientes das tribos situadas nas planícies acima da Serra do Mar. Se a batalha tivesse acontecido os portugueses seriam arrasados e expulsos do litoral de São Paulo, e os franceses, que dominavam o Rio de Janeiro e que se relacionavam muito bem com os índios daquela região, teriam tomado à terra brasileira das mãos da Coroa Portuguesa. A história seria outra. Mas a batalha não aconteceu. Os portugueses auxiliados pelos jesuítas que tinham grande poder sobre a bondade na terra e suas recompensas na eternidade conseguiram aplacar a ira dos chefes morubixabas com promessas de castigos divinos e muitas ameaças do furor das forças da natureza, que era a única coisa real que orientava as ações e os pensamentos daqueles homens primitivos em seu estado natural mais puro. É verdade que alguns índios duvidavam daquelas palavras, mas seu temor era tanto que não ficaram senão algumas memórias dessas dúvidas. Existe o registro de uma reclamação do cacique Aymberê que foi tema de uns versos escritos sobre aqueles tempos, que revela bem as dificuldades dos índios com as coisas que lhes eram ditas pelos padres. Diz um trecho do poema encontrado em velhos arquivos baseado nas indagações de Aymberê ao padre José de Anchieta:

"Não conhecem acaso os portugueses.
Essa pia doutrina que nos pregas?
Como, pois contra nós, em guerra assídua,
Sem medo de seu Deus, cruéis se mostraram?
Ou, só porque de deus ao filho adoram,
Lhes foi dado o poder de perseguir-nos?
Mas se do céu as leis desobedecem que deus é esse então que os deixa impunes,
E vem por tua boca ameaçar-nos?”

Os índios recolheram seus arcos, flechas e bordunas em atenção às promessas de paz e convivência com os brancos garantidas pelos jesuítas.

Depois de uma viagem do cacique Cunhambebe a São Vicente junto com o padre Manoel da Nóbrega para acerto dos acordos de fim das hostilidades, foi combinada a Paz de Yperoig, que serviu de argumento para o desânimo dos franceses que queriam ver os portugueses expulsos. Cunhambebe e seus guerreiros acreditaram na boa fé dos acordos.

Os vários chefes com seus homens se dispersaram, se desarmaram e voltaram para suas tribos, e até hoje se comemora a paz de Yperoig como uma data importante que garantiu a unidade do Brasil contra as ameaças de divisão, graças ao trabalho de catequese e união promovido por Anchieta, Nóbrega e seus companheiros.

Mas a história não comenta que logo depois de terem se desarmado e se dispersado os índios foram massacrados pelos rudes e estúpidos colonizadores portugueses interessados no ouro, nas riquezas e nas terras descobertas. "


Cunhambebe morreu doente, ferido no corpo e na alma, envergonhado diante da humilhação a que levou seu povo por ter acreditado na palavra dos brancos.

Sabendo da importância que os portugueses deram àquela data. Pouco antes de morrer o grande cacique lançou uma maldição contra os invasores e seus descendentes dizendo que :

" As terras de Yperoig que eles tanto quiseram seriam as terras do fracasso"

"Nada daria certo, tudo que se começasse não chegaria ao fim, grande entusiasmo no início e resultado miserável no final"

" As mangueiras de Ubatuba nunca dariam frutos"

" O céu iria chorar toda a traição e o sangue derramado"

Mas a maldição dos índios não é eterna, seu desejo não é vingança e sim serem tratados com dignidade e respeito, eles pedem reconhecimento.

Para acabar com os efeitos da Maldição de Cunhambebe existe o " Desagravo " dito pelos Pajés

O "Desagravo" seria um reconhecimento público do massacre que eles sofreram e, assim disse o Pajé :

"Este é o ano de Tupã (2008 de acordo com a crença indígena) e será o último ano para realizar o Desagravo.O Desagravo seria quando um "chefe branco" reconhecer publicamente a injustiça que os índios sofreram por serem os legítimos donos da terra.

Agora perguntamos :

Porque chove tanto em Ubatuba?

Porque cidades vizinhas com atrativos bem menores aparecem mais que Ubatuba?

Porque este constante abre e fecha de muitos comércios que tem tudo para dar certo e não dão?

Porque as mangas não crescem em Ubatuba se o clima é favorável e todas as cidades vizinhas têm lindas mangas?

Enfim ....tudo isso nos faz pensar naquele velho ditado espanhol :

“Yo no creo em brujas, pero que las hay , las hay ! “!


Esta é a história , mas , vocês pensam que ela terminou ?

Não!

Não, isso foi apenas o começo, depois de tudo o Deputado Clodovil resolveu dar continuidade , dar um epílogo a toda esta lenda, história, comentários. Pouco importa !

Mas a história está apenas começando em outro século, em outra época, continua , desta vez terá um fim !

* (Agradecimentos a Renato Nunes e Ronaldo Dias que atenciosamente colaboram com dados e informações)

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