quarta-feira, 25 de março de 2009

Castanhola / Sentimentos

Castanhola / Aquarela pintada por Clodovil
foto Meg Ramos
Sobre Castanhola.
Tenho sido "cobrada" diariamente por centenas de mails sobre o destino de Castanhola.

Ontem, eu não aceitei ficar com Castanhola, quando está foi oferecida por Maurício por telefone a mim. Vou explicar, talvez vocês entendam.

Castanhola está velhinha, mal consegue andar e embora ela "conversasse" apenas comigo e com Clodovil, muitas outras pessoas que trabalhavam com ele também gostavam muito dela. Ela sempre foi tratada com muito carinho por todos. Embora muito reservada Castanhola era querida por todos nós. Durante esse tempo que ele passou em Brasília, Castanhola se apegou a outras pessoas também. Sua saúde é delicada, nem sei se ela resistiria uma viagem de volta para São Paulo.
Vocês não imaginam a minha dor com a perda dele. Sofri demais por meu amigo. Pensei até que ficaria doente, tamanha a dor que senti.
Não suportaria voltar a sofrer novamente caso Castanhola viesse a falecer comigo, coisa provável devido ao seu estado atual, muito velhinha e fraquinha.
Então, abri mão de Castanhola, para que outra pessoa fique com ela.

Imaginem o estado de sensibilidade que ainda me encontro.
Acho que sou a única pessoa que tirei foto do quarto dele em Brasília.
Não consigo ainda hoje, postar a foto do lugar onde o encontraram quase sem vida.
Ele não permitia que ninguém tirasse fotos do apartamento de Brasília. Pensava em abrir para uma rede de TV, algum dia.
Quando estive lá, eu disse:_ Ahhh que loucura! Está divino! Vou tirar algumas fotos! Ele: __Tire fotos sim Meg e coloque no blog.
Foi o que fiz. Não sei por que, postei aqui apenas as das salas, nunca postei as do quarto.
Tenho recordações profundas, marcantes demais. A cama dele em Brasília fui eu quem fez.

Ele desenhou, e mandou um marceneiro aqui de Ubatuba fazer a tal cama.
Um dia conversando ele me disse:_ Meg você conseguiria fazer um trabalho estilo veneziano na cama pro seu amigo? Eu respondi: Quem sabe!

Na hora descrevi como achava que deveria ser. Ele achou perfeito ! Sempre fomos assim eu e ele, eu "entendia" como ele queria que fosse feito, eu "entendia" quando escrevia as matérias para os jornais, como ele diria. Na hora do ok, quase nada era mudado.

Fiz várias coisas desse tipo para ele, o tapete da capela a pintura da parede as mísulas para a mesa de Brasília, um cavalo, muitas outras coisas, cada uma com sua “história”, que aos poucos contarei.
Sempre, mesmo na época das "vacas magras" estivemos juntos, foram anos e anos de convivência diária. Tínhamos afinidades, temos muitos momentos juntos, e todos muito presentes ainda.

Vou postar uma foto da cama pintada, semi terminada ( tenho o costume de fotografar as etapas dos trabalhos que faço ) pintei no jardim da casa dele. Um trabalho com folhas de ouro.
Quando ele viu a cama pintada ele disse. em frente a outras pessoas que trabalham com ele na casa. e lá estavam:
_ Meg vou ter um problema sério com essa cama (falou sério).
Eu logo perguntei:_ Não gostou?
Ele respondeu: _ Adorei, mas daqui para frente sou obrigado a pensar todas as noites em você Méguel, vai estar comigo, afinal foi você quem fez!

Achei sensível percebi que ele estava emocionado, para relaxar , brinquei:
_ Cruzes não mereço dormir com você todas as noites não! No que ele retrucou:
_ Nem eu com você!
Ele, eu e todos que lá estavam rimos muito. Depois, subi para o quarto dele, como sempre, ele começou os telefonemas contando para todos os resultado do trabalho. Parecia uma criança que havia realizado um sonho .Ele era assim vibrava com esse tipo de situação .

Assim muitas outras situações aconteceram .
Eu apenas desejo continuar com o blog, quero dividir esses momentos com outras pessoas que também gostavam dele.
De resto, não quero absolutamente nada, o que eu mais queria, se foi.

Tenho certeza absoluta que meu amigo entenderia o que eu explico hoje aqui.
Tivemos muitas e muitas conversas sobre isso, eu preciso no momento refazer a minha vida profissional e emocional também.

Grandes perdas trazem grandes "rombos” ao coração.

Esses “rombos” jamais serão preenchidos ou esquecidos, mas é preciso tampá-los com muito carinho, isso só o tempo faz.

Darei notícias de Castã... assim eu a chamo, espero que vocês entendam

Voltarei...

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