sexta-feira, 24 de abril de 2009

Respondendo uma Postagem

Para vocês, amiguinhos do meu amigo

Postagem recebida:

Oi, Meg - tudo bem?
Li ao acaso esta matéria contida na Folha Ilustrada, e gostaria de ler sua opinião sobre ela.
Sob sua ótica, o autor nomina o Sr. Clodovil como um ser de personalidade oscilante entre a docilidade e a cólera, sem auto-controle para administrar situações que poderiam ser contornáveis.
Ele foi realmente uma pessoa de extremos impensados, Meg ou um homem que sabia exatamente o que ou quem queria atingir com suas palavras e o fazia deliberadamente?
Ele comentava com você de situações em que se arrependeu de algo?

Um abraço com carinho.
Monica
Segue a matéria.17/03/2009 - 19h45

Estilo pessoal fez Clodovil ganhar e perder dinheiro, amigos e programas
RICARDO FELTRIN
Secretário de Redação da Folha Online

É difícil falar de alguém que partiu, ainda mais quando não há só palavras dóceis para o morto. É o caso de Clodovil Hernandes, 71, que morreu nesta terça-feira em Brasília, após parada cardíaca, e um dia após sofrer um AVC.
O fato de ser criança adotada e saber disso desde sempre acabou sendo determinante em sua formação. Ele dizia que, para aplacar a tristeza, queria ser o melhor em tudo. Solitário, mergulhou em desenhos e livros. Adorava biografias. Aprendeu cedo a arte da costura. Aparentemente foi autodidata na tesoura. Gabava-se de aprender um corte ou arremate alheio com uma só olhada, e ainda criava algo em cima.
Foi essa criatividade o motivo para seu sucesso na alta costura.
Mas o mundo da sociedade também o entediou, e o irritou ao ponto de se afastar totalmente.
Nos últimos anos, fez uns poucos e caríssimos vestidos de noiva para as filhas de algumas socialites.
Assim como o protagonista do Oscar de Melhor Filme 2009, "Quem Quer Ser um Milionário?", sua história sofrida foi levada à TV enquanto ele vencia o game show "8 ou 800", da Globo, em meados da década de 70. O Brasil parou para vê-lo, num domingo, levar o prêmio máximo ao responder corretamente tudo sobre a vida da lendária dona Beja.
Daí em diante foi só estrelato e polêmica. Virou um dos picos de ibope do "TV Mulher", novidade do início dos anos 80, programa da Globo que mudou as manhãs da TV brasileira.
Como celebridade, ficou deslumbrado e se tornou um ciclotímico que podia ser desagradável, simpático, agressivo, doce, carente, estúpido ou gentil durante uma conversa de apenas 15 minutos.
Como resultado do tipo intempestivo, aos poucos fechou porta por porta na TV brasileira. Band, Manchete, Globo, Record, até a Gazeta. Não teve local profissional em que não tenha arrumado encrenca e deixado mais inimigos do que amigos. Na Globo, por anos recebeu apoio incondicional do amigo Fausto Silva. Aliás, esse era amigo mesmo. Como o próprio Clodovil revelou, durante sua pior fase financeira, Fausto Silva lhe enviou R$ 40 mil em dinheiro vivo, com as notas presas a um enorme grampo de ouro. Junto, um bilhetinho escrito à mão, com palavras de força e amizade. Dizem que foi uma das poucas vezes em que o viram baixar a cabeça e soluçar.
O mais comum, mesmo no revés, era erguer o nariz e praguejar. Acabou fechando a porta também na Globo, e nem Faustão escapou de sua língua ferina.
Com Clodovil, o melhor amigo de hoje podia ser só o banana no mês que vem. Tudo dependia de seu humor oscilante.
Seu programa na Band, em 98, dava razoável ibope, e tinha um seleto público AB feminino. Perdeu a atração porque ofendeu uma das patrocinadoras, Adriane Galisteu, que anunciava uma sopa para emagrecer: "Essa emagrece mesmo, é como sopa de piranha: te come por dentro", disse venenoso. Provocou um escândalo.
A Band perdeu uma anunciante e Clodovil, o emprego. Acabou em briga trabalhista e civil com a emissora. Venceu uma ação de indenização, pelo menos. A Band recorreu.
Mais tarde também perderia outro programa na Rede TV! Entre um quadro e outro, começou a criticar pesadamente a antiga emissora (Band), com quem estava em litígio. Recebeu advertência da nova casa, mas repetiu a falta dias depois. O programa era lucrativo e de baixo custo, a Rede TV! não queria tirar da grade. Então passou a exibir o programa gravado.
Dizem que depois disso Clodovil ficou ainda mais incontrolável, porque sabia que podia achincalhar a tudo na gravação, pois haveria corte depois. A emissora jogou a toalha.
Na vida privada, gostava de bichos, mas tinha dificuldades com humanos. Não tinha de fato nenhum amigo de longa data.
No caso de jornalistas, parecia hesitar entre o amor e a cólera, dando palavras ternas ou paulada. Quando lia alguma nota que não gostava, ligava imediatamente para o autor da notícia. Chutava diretamente a canela. No entanto, muitas vezes, depois de duas ou três frases raivosas, se acalmava novamente e, como mágica, se tornava dócil. Até a próxima combustão.
Clodovil foi uma vida de extremos.
Ricardo Feltrin

Monica e amigos
Quando Clodovil faleceu, pensei em colocar está foto, de autor desconhecido por mim, e encerrar o blog. Achei a foto de extrema sensibilidade, parabéns ao autor.
Depois, refleti e pensei que “devia” ao meu amigo este espaço. Ele em seus últimos meses de vida “descobriu” o blog e adorava acompanhar. O blog para Clodovil ultimamente era uma TV on line, chegava a sugerir algumas notícias para serem postadas aqui.

Li essa reportagem do senhor Feltrin, no dia de sua publicação. Sempre admirei o Sr Ricardo Feltrin, sou sua fã . Sempre que posso acompanho suas matérias.
Reconheci o “estilo” do senhor Feltrin em sua análise, acredito que ele não tenha convivido intimamente com Clodovil.

Jamais gostaria de parecer uma pessoa “tiete” ou “clodonete” (risos), uma defensora nacional de Clodovil, não sou. Apenas tive a oportunidade de conviver anos seguidos com uma pessoa, que para mim tornou-se um ser comum. Muitas vezes ficava assustada quando saíamos e havia aquela solicitação de fotos, autógrafos, até crises de choro quando alguma fã mais exaltada se aproximava.Aí sim, eu me dava conta que era amiga de um ídolo nacional.
Minha opinião foi solicitada por nossa amiga Monica.Resumindo ,concluo, contando uma passagem.

Certa vez como deputado, Clodovil reuniu alguns assessores de São Paulo, Brasília e Ubatuba para uma reunião de trabalho em Ubatuba.
Era começo de mandato, todos sofriam adaptações, e Clodovil fazia muitas exigências.
Foi uma reunião “pesada” repleta de opiniões e posicionamentos pessoais.
Em um dos afastamentos temporários do deputado da reunião, o assunto dos assessores era os tipos de cobranças e atitudes que Clodovil esperava de todos nós.
Cobranças e posicionamentos levam às criticas e alguns criticavam o “estilo Clodovil”. Eu também não concordava com determinadas resoluções, mas conhecia a pessoa que tanto exigia.
A certa altura, estando os ânimos bem exaltados, pedi a palavra.
Falei. Após, fez-se silêncio.
Clodovil retornando inquieto, tenso, e zangado, ouve minhas últimas palavras, e diz:
___ Meg, o que é que você está falando?
Eu respondi, e
stou dizendo a todos Clodovil, que:

Imaginem alguém que tenha sido encontrado em um fundo de quintal, todo picado de formigas. Depois, sua mãe adotiva, o rejeita porque era feio demais. Aos 16 anos sai de casa para encarar a vida em uma cidade grande, passa por muitas humilhações. Mais tarde torna-se um estilista, nome reconhecido na moda. Depois apresentador de TV, cantor, artista, bailarino, e obtém fama em todo território nacional. Mais tarde, é portador de um câncer. Sofre uma delicada cirurgia. Quando tudo se encaminhava do cinza ao negro, é eleito Deputado Federal. Não bastasse, coloquem ainda por cima de tudo isso, uma personalidade gay, com toda sua sensibilidade.O que vocês querem? É muita “informação” para uma única cabeça! Entendam!
___
Todos ficaram abismados por eu ter repetido o que havia dito a todos, para Clodovil.
Ele me olhou, parou, e disse:
___Vamos seguir a reunião.

Enfim meus amiguinhos do meu amigo...
Eu acredito que personalidades marcantes nunca devem ser analisadas, mas sim entendidas.
Continuemos em nossa paz.
Voltarei...

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